ATA DA VIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 24.05.1988.

 

 

Aos vinte e quatro dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Primeira Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislativa, destinada à entrega do título de Cidadão Emérito ao Sr. Luiz Carlos Vergara Marques, concedido através do Projeto de Resolução n.º 08/87 (proc. n.º 2188/87). Às dezessete horas e trinta minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal Porto Alegre; Prof. Joaquim Felizardo, Secretário Municipal de Cultura; Prof. Carlos Alberto Carvalho, representando, neste ato, o Magnífico Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Cel. Guilhermando Carlos Soares Adler, Comandante do Colégio Militar; Prof. José Gomes de Campos, Ex-Reitor do Instituto Porto Alegre; Dr. Fernando Jorge Schneider, Presidente do Conselho Deliberativo do Jockey Club; Sr. Luiz Carlos Vergara Marques, Homenageado; Sra. Carmem Ramos Vergara Marques, Esposa do Homenageado; Verª Gladis Mantelli, 1ª Secretária da Casa. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Flávio Coulon, em nome da Bancada do PMDB, comentou a justeza da presente homenagem e salientou a contribuição do Sr. Luiz Carlos Vergara Marques ao turfe gaúcho, principalmente através do Programa “Turfe e Boa Música”, veiculado pela Rádio Guaíba. Destacou que esse programa é o mais antigo levado ao ar na rádios de Porto Alegre e que, com ele, o Homenageado conseguiu unir a cultura ao esporte. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, disse que não poderia se furtar à presente homenagem, tendo em vista os laços de amizade que o unem ao Sr. Luiz Carlos Vergara Marques. Comentou a trajetória de S. Sa. no rádio, dizendo que ele soube, como poucos, transmitir as emoções do turfe. Discorreu sobre as lutas desenvolvidas pelo Homenageado em prol da profissionalização do rádio. E o Ver. Brochado da Rocha, como proponente da Sessão e em nome das Bancadas do PDT, PDS, PL e PFL, discorreu sobre o significado do rádio como veículo de comunicação e de desenvolvimento criativo do ser humano, salientando o papel do Sr. Luiz Carlos Vergara Marques com sua obra de transmitir aos seus ouvintes a história e a emoção da arte do turfe. Destacou o trabalho de S. Sa. como integrante da equipe da Rádio da Universidade. A seguir, a Sr.ª Presidente convidou os presentes para, de pé, assistirem à entrega, pelos Vereadores Brochado da Rocha e Lauro Hagemann, respectivamente, do Título Honorífico de Cidadão Emérito e do Troféu “Frade de Pedra” ao Sr. Luiz Carlos Vergara Marques e concedeu a palavra a S. Sa., que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Ver. Jaques Machado registrou telegrama recebido da Associação dos Profissionais do Turfe, relativo ao evento. Em continuidade, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e cinqüenta e um minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha e Gladis Mantelli e secretariados pela Ver.ª Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Dou por abertos os trabalhos da presente Sessão Solene que concedeu o título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Luiz Carlos Vergara Marques.

Inicialmente, saúdo os convidados, convidados da Mesa, assim como as autoridades, amigos do homenageado aqui presentes.

A seguir, passo a palavra ao Ver. Flávio Coulon, que falará em nome da Bancada do PMDB.

 

O SR. FLÁVIO COULON: (Menciona os componentes da Mesa.) Minhas senhoras e meus senhores. Toda a cidade tem seus tipos humanos característicos, que fazem parte do próprio contexto urbano. Na maioria das vezes são pessoas que se vê nas ruas, como, no caso de Porto Alegre, o popular Bataclã, ou nosso poeta maior, Mário Quintana. Mas existem outros casos, mais raros, em que estes personagens não têm a fisionomia conhecida pela maioria das pessoas. Luiz Carlos Vergara Marques é um destes casos. É provável que possa andar pelas ruas sem encontrar mais conhecidos do que qualquer pessoa comum. Sua voz, entretanto, faz parte da memória de todos nós.

Não me entendam mal. Quando falo em “todos nós”, não estou me referindo àqueles que, turfistas como eu, reconhecem em Vergara Marques um dos grandes incentivadores do esporte das rédeas em nosso Estado. Seria fácil discursar muito tempo sobre sua contribuição à divulgação do turfe. Mas não vou me limitar a isto, mesmo porque seria uma injustiça ao meu amigo Vergara. Afinal, sua influência sobre Porto Alegre vai mais longe do que isto.

É que Vergara soube compatibilizar interesses. Desde o tempo em que os programas de esportes eram limitados (muitas vezes apenas à futebol), ele procurou despertar em seus ouvintes novos interesses. Desta compatibilização nasceu o programa “Turfe e Boa Música”. Quem não o conhece? Antes da implantação das FMs em nossa Cidade, era o ponto de referência do dial nas tardes de sábado. E, não custa lembrar, no tempo em que era transmitido pela Rádio Itaí, foi também um dos primeiros programas possíveis de serem captados em FM, já que aquela rádio fazia a transmissão do estúdio aos transmissores em “link” aberto desta freqüência.

O segredo de “Turfe e Boa Música” foi misturar um esporte de público diferenciado, à música da melhor qualidade e informações culturais. Não podia ter dado errado, e Vergara Marques tornou-se a figura popular e querida que é hoje, também fora dos limites do hipódromo. Não sou jornalista, nem comunicador, muito menos um especialista na área. Mas quero acreditar que o “Turfe e Boa Música” de Vergara é, atualmente, o programa mais antigo no ar, em Porto Alegre. E se não for o mais antigo, deve estar ali, entre os dois ou três que disputam este título.

Mas o ecletismo de Vergara Marques não se limitou a isto. Não contente em ter no ar um programa popular e antigo, ele há quase quatro anos é também o diretor da Rádio da Universidade, a mais erudita das nossas estações radiofônicas. Tudo isto, é claro, sem perder a antiga paixão pelo turfe, onde, melhor do que ninguém, sabe transmitir toda a emoção de uma corrida.

Ouvir Vergara Marques narrando um páreo é praticamente assistir à disputa dos jóqueis e animais pela vitória. É sentir o suor dos cavalos, vibrar com a batida de seus corações, ouvir sua respiração ofegante quando se aproximam do disco de chegada. Pois antes de mais nada, Vergara Marques é a verdadeira voz do turfe gaúcho.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Não poderia ser mais justa esta homenagem que a Câmara e a cidade de Porto Alegre estão prestando a este homem. Quem, como ele, soube ao mesmo tempo vibrar com um esporte e divulgar a cultura, unindo ambos em benefício da população, merece ser acolhido como Cidadão Emérito. Quem, como ele, dedicou a vida a transmitir alegrias e emoções a esta cidade, merece ter seu nome inscrito nos Anais da mesma. Por isto, falando em meu nome e em nome da Bancada do PMDB, gostaria de registar aqui a imensa satisfação que tenho em cumprimentar Vergara Marques neste momento, que, tenho certeza, é um dos de maior emoção de sua vida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: (Menciona os componentes da Mesa.) Srs. Vereadores, Senhoras, Senhores, Companheiros da Rádio Universidade e de outras emissoras que estão aqui presentes. Eu não poderia me furtar, em meu nome pessoal, de trazer o meu abraço muito fraternal a um companheiro de anos e anos de lutas radiofônicas. Dizem que a vantagem do diabo é ser velho e nós já estamos quase nos considerando como diabos velhos, daí porque conheço a trajetória do Vergara. Trajetória que se firmou na transmissão de um esporte que, no Rio Grande do Sul, tem uma popularidade muito acentuada, até pelas nossas origens. E o Vergara, como filho de Jaguarão, não pôde escapar a esta sina. Soube, como poucos, transmitir, através do nosso veículo, as emoções das carreiras que são disputadas, não só no Hipódromo de Porto Alegre, mas também em outros hipódromos deste Estado. Mas não quero-me referir ao Vergara apenas como turfista, como comunicador das corridas de cavalos, por excelência; quero-me referir ao Vergara como comunicador companheiro das lutas que sustentamos junto com todos os radialistas da Cidade, do Estado na construção do nosso sindicato, da nossa entidade de classe, um homem solidário com seus companheiros de prefixo, que foram vários, como também companheiro dos demais prefixos que integram a comunidade radiofônica, e, sobretudo, como o companheiro fundador da rádio da Universidade, a pioneira das emissoras universitárias deste País que, em novembro do ano passado, completou 30 anos de atividades ininterruptas. E, hoje, Vergara sustenta o invejável título de Diretor desta emissora, posição que ele galgou pela sua competência, pelos seus conhecimentos, pelo amor que dedica a esta emissora que, para nós, radialistas, representa a síntese do que deve ser o rádio um País como o nosso. Então, Vergara, por tudo isso, e sem me alongar muito, quero deixar-te, aqui, o meu abraço, muito fraterno, muito comovido pela homenagem que a Cidade te presta, com justiça, porque entre os cidadãos prestantes de Porto Alegre tu és inserido, hoje, no rol daqueles que são homenageados. Quiséramos, nós, que temos feito isso com bastante freqüência até, homenagear todas aquelas pessoas que, de uma maneira, ou de outra, têm-se distinguido na distribuição de alegrias, de informações preciosas, de lazer e de cultura a esta população que, indistintamente, tem a possibilidade de, com os modestos aparelhinhos de pilha, sintonizar as transmissões que o Vergara tem-nos proporcionado.

Vergara, a Cidade se sente honrada em te ter, a partir de hoje, como Cidadão Emérito. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido a Secretária da Mesa, Verª Gladis Mantelli, a presidir os trabalhos.

 

(A Ver.ª Gladis Mantelli assume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Concedemos a palavra, neste momento, ao Ver. Brochado da Rocha, que fala em nome das Bancadas do PDT, PDS, PL e PFL e como proponente da presente Sessão.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sra. Secretária no exercício da presidência, Sr. Homenageado, Srs. Componentes da Mesa, autoridades presentes a este ato, subo a esta tribuna talvez num momento de dificuldade, não bem como costumo fazer todos os dias, eis que é uma homenagem tocante a todos nós e que este simples processo não resume aos fatos e aos atos que antecederam a ela e que a Câmara entendeu de aprová-la por unanimidade, motivo pelo qual recebi ainda a incumbência de falar em nome da Bancada do PL, com assento nesta Casa; da Bancada do PDS com assento nesta Casa; da Bancada do PFL, com assento nesta Casa; da Bancada do PSB, com assento nesta Casa.

Tudo isto, reunindo antigos mestres, cercado por eles, reunindo antigos militantes políticos que demarcaram os meus primeiros passos, com os quais aprendi e com os quais hoje convivo, com os seus filhos. Mas se o Ver. Lauro Hagemann preferiu enfatizar o colega, a pessoa que tanto labutou na classe de profissional em rádio, nós diríamos também que a nossa iniciativa teve outros matizes além deste. Era por justiça que o Ver. Lauro Hagemann assim procedesse, mas nós tivemos que duelar com o Ver. Jaques Machado que dizia que nossa iniciativa era uma apropriação indébita, tivemos que fazer um conselho arbitral para podermos ser o autor. Mas com a fraternidade que cerca a convivência nesta Casa chegamos a um denominador comum e me coube – em primeiro lugar quero dizer aos presentes, sobretudo ao homenageado e sua esposa – apenas ser o formalizador desta proposição. Ela é importante na medida em que traz a história de um radialista. É importante porque o homenageado representa hoje uma rádio muito importante na história de Porto Alegre. Não é por acaso que aqui está presente o Secretário de Cultura do Município, de vez que todos nós temos compromisso com a cultura e a Rádio Universidade é sem dúvida uma alavanca fundamental para ela. Antecedia-me na tribuna também o Ver. Flávio Coulon. S. Exa. mostrava aos Anais da Casa e aos presentes que o programa de rádio de Vergara Marques significa o que de mais permanente nós tínhamos nas ondas que adentravam aos novos lares, mas quero registrar também que essas ondas e essa convivência nos fez, ao correr dos anos, não só salientar um esporte muito importante para nós gaúchos, não necessariamente aqueles que gostam de apostar, mas necessariamente aqueles vinculados a área, que gostam de esporte e do animal. Afinal, a história do Rio Grande do Sul está intrinsicamente ligada ao gaúcho e seu cavalo, este cavalo é transposto às pistas e nós adquirimos com ele algumas afinidades – não com o cavalo – com as formas e com as convivências com as comunidades que se formam em torno dele. Estava antes da Sessão a conferir com o nosso homenageado, porque a memória pode-me trair, coisas que passaram pela Cidade, como, por exemplo, quando um dos maiores cavalos gaúchos fazia a sua estréia – Estensoro.

O cavalo teve duas derrotas, no seu início e outra no Rio de Janeiro, não houve outra. Dizia Vergara que aquele seria o grande animal do Rio Grande do Sul. Casualmente, se fazia acompanhar naquela cabine por uma figura do início da irradiação do turfe. A história do turfe tem o nome de muitas pessoas importantes que antecederam e conviveram com Vergara Marques. Estou-me referindo ao ex-Vereador da Cidade de Porto Alegre Martim Aranha, que foi um dos pioneiros; depois, Vergara Marques e um outro nome que me foge à memória, talvez seja a memória da Cidade, mas traz a figura de Martim Aranha que iniciava, pioneiramente, essa atividade; colocava, também, a figura de Mafuz; colocava a figura de Souza Lobo, alto cidadão que andava entre nós, meninos, a dizer palavras generosas. Essa comunidade que então se localizava no Moinhos de Vento era uma comunidade que mantinha uma fraternal e mútua convivência, além de assídua. O Hipódromo era, sem dúvida, um ponto de encontro da Cidade. Hoje, mais afastado da Cidade, tomando outras dimensões que a própria evolução tecnológica e outras incidências o tornaram mais distante; naquela época ele era muito próximo e as pessoas tinham muita convivência entre si. Era muito humano. E era fácil, por exemplo, um garoto como eu ter convivência com o velho Camiza; até mesmo do seu pedestal a gente podia conversar com o Dr. Breno Caldas. E isso era importante para que a Cidade se comunicasse. Mas, na hora da corrida, nós todos estávamos junto com Vergara Marques. Isso acontece há três décadas na nossa história. E por mais que eu tente não querer ferir os ouvidos dos entendidos, considero muitíssimo importante o rádio. Talvez seja o veículo de comunicação mais profundo para mim, porque o rádio consegue fazer o solitário absolutamente acompanhado e consegue, ainda, fazer o que a televisão retira, a possibilidade de o cidadão imaginar o fascinante desafio que o rádio oferece. Em toda a transmissão, Vergara Marques, que ao longo desses anos nós ouvimos, fundamentalmente, entre as tuas palavras, havia a nossa imaginação de compor as palavras em fatos a incidência, fazendo com que todos nós exercitássemos a faculdade de materializar palavras. E isto, sem dúvida, é sedutor. Diria, também, que a Casa de Porto Alegre – de vez que aqui tem nove representações partidárias – hoje ordena as coisas ao recolher para seu Cidadão Emérito uma figura que vinda das fronteiras de Jaguarão e dizer da sua importância, da sua eficácia e, sobretudo, da suma contribuição que trouxe para a nossa Cidade, sendo quase um patrimônio de vez que com ele andou a história da Cidade. É importante apropriarmos como cidade e como cidadãos representantes desta Cidade, desta figura e deste trabalho humano que vai desde o esporte até a cultura, passando lá pelo Sindicato referido pelo Ver. Lauro Hagemann. É um homem profundamente multifacetado. Tão multifacetado que chega a um paradoxo de ter passado de um lado por tantas emissoras e ele próprio simbolizar a transmissão de turfe. Não é a emissora! Mas, de outro lado, ele simboliza, neste momento, a Rádio da Universidade. Esta simbiose, esta personalidade multifacetada congrega por isso elementos e pessoas muito díspares, mas absolutamente agregadas à importância das pessoas na medida em que são capazes de se solidificar no tempo. Eu diria, quase tudo passou na Cidade de Porto Alegre mas nossos lares, a voz de Vergara Marques continua a nos chamar. Está presente. Mudaram as nossas esquinas. Mudaram as nossas vizinhanças. Mudou o nosso dial no rádio. Mudaram os programas. Mudaram tudo. Saíram os nossos bondes e ficou só uma coisa: o encontro da voz de Vergara Marques adentrando ao nossos lares. Mais ainda, Dr. Fernando Jorge Schneider, como aquele hipódromo é muito grande, também obriga ao cidadão que está lá a ouvi-lo, de vez que nem todos têm a capacidade de usar binóculo, o que exige uma certa técnica, uma certa destreza.

De maneira que a homenagem não tem uma vertente, ela brota de várias facetas do homenageado que ele criou ao longo do tempo. Por isso, dizendo aos Senhores, mais especificamente ao homenageado, que o Rio de Janeiro teve o fantástico Teófilo de Vasconcelos, que era uma verdadeira metralhadora irradiando o turfe, nós tivemos na voz do gaúcho de Jaguarão o nosso dia-a-dia, três décadas, que neste momento, junto com outros, atividades correlatas importantíssimas do nosso homenageado. Nós estamos tentando nesta Casa simples, neste ato simples, reconhecer, não só em nosso nome mas em nome daqueles que todos nós representamos e, por último, o que esta Casa representa com a sua história, seu passado e sobretudo com seu ardente futuro, o ardente desejo de um futuro bem melhor, mais brilhante, e que aqui passam figuras mais notáveis, sobretudo que façam bem melhor para nossa Cidade, que é nosso compromisso último.

Mas, diria um grande estadista da América Latina: “Precisamos, especialmente, em tempo de crise forte, ter um norte, saber onde estão os homens que têm uma história, que têm um passado, e que têm, portanto, a credibilidade necessária, para nos momentos mais aflitivos nos orientar, nos guiar, e ser, para a Cidade, uma espécie de paradigma, parâmetro ou morte, que indica onde devemos ir.” Os tempos de crise estão, exatamente, a pedir isso.

Por isso, onde tu estiveres Vergara Marques, certamente, muitos estarão contigo, não pelo título, mas pela credibilidade que te envolve, durante tanto tempo. Dizendo por último, nós brasileiros somos muito ingratos, não temos memória, mas será muito difícil esquecer a tua voz, e da tua equipe, por três décadas. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Voltamos a passar a presidência dos trabalhos ao Ver. Brochado da Rocha. Mas parece que ele prefere que eu permaneça na presidência.

Convidamos, então, neste momento, ao Ver. Brochado da Rocha, proponente da presente Sessão, e a todos os presente para, de pé, procedermos à entrega do título de Cidadão Emérito ao Sr. Luiz Carlos Vergara Marques.

 

(Sr. Brochado da Rocha procede à entrega do título ao Sr. Luiz Carlos Vergara Marques.) (Palmas.)

 

A Casa passou a elaborar um troféu, que entrega a todos aqueles que, de alguma forma, prestaram algum serviço a esta Cidade. A entrega dessa escultura traduz o apreço da população porto-alegrense a todas as pessoas que prestaram serviço, como já disse, à Capital Gaúcha.

A escultura de um cavalo preso a um frade de pedra, historicamente traduz a hospitalidade rio-grandense. Eis o motivo pelo qual foi escolhido o frade de pedra, ou seja, ele é o símbolo da fraternidade, uma vez que representava boas vindas. É no sentido de resgatar a amizade e, ao mesmo tempo, deixar na lembrança das pessoas que o receberem, o carinho e o agradecimento pelo seu tempo e trabalho dedicado a nossa Cidade.

Eu convido o Ver. Lauro Hagemann, para fazer a entrega do frade de pedra ao nosso homenageado, em nome da Casa.

 

(O Sr. Lauro Hagemann faz a entrega do troféu.) (Palmas.)

 

Concedemos a palavra, neste momento, ao nosso homenageado, Sr. Luiz Carlos Vergara Marques.

 

O SR. LUIZ CARLOS VERGARA MARQUES: Ilustre Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, e que, pela sua iniciativa, pela sua proposição, me outorga esta honraria rara para o ser humano resistir, dentro do impacto emocional.

A minha esposa nesse momento simbolizando o meu plano existencial, a minha vivência sócio-humana-familiar, o meu carinho, o meu beijo, o meu agradecimento público, com a presença da minha sucessora, minha filha, infelizmente com a ausência do outro filho, o meu genro. Meu caro Prof. Joaquim José Felizardo, Secretário Municipal de Cultura, este historiador das coisas do Rio Grande e do Brasil que eu aprendi admirá-lo há mais de 35 anos. Meu colega Prof. Carlos Alberto Carvalho, que representa, neste momento, o nosso Reitor, enfim, o reitorado da nossa Universidade. Meu caro Cel. Guilhermando Carlos Soares Adler, Comandante do Colégio Militar, no qual eu tive a elevada honra de receber uma homenagem há dias atrás.

Volto a minha meninice e, voltando ao passado, eu relembro os fundamentos da minha educação, liberdade com responsabilidade. Aí está o Instituto Porto Alegre, representando com muita honra para mim, com muita evocação ao passado, do nosso, para mim eterno, Reitor Prof. José Gomes de Campos. E a minha direita, eu tenho o meu primeiro Diretor, figura insigne de educador, meu caro Prof. Sebastião Gomes de Campos, Diretor do Ipinha, aquela Casa que brotou em cultura para a nossa Jaguarão.

Meu caríssimo Prof. Fernando Jorge Schneider, Presidente do Conselho Deliberativo do Jockey Club do Rio Grande do Sul, o homem que sempre acreditou no postulado do Turfe como poder associativo, como núcleo forjador de uma verdadeira e permanente reunião de homens comungando com o apanágio de todos nós, que é o cavalo. Apanágio de todos nós gaúchos, em especial. E, quando Presidente do Jockey Club do Rio Grande do Sul, às vezes tivemos, na atividade febricitante pelo Turfe, alguns, não senões pessoais, mas, até na arrancada daquilo que representa o turfe, alguma dissociação de idéias, mas que sempre comungamos juntos, após, com uma amizade muito profunda, que nos conceitua, ao longo da nossa vida. E, para encerrar esta Mesa tão representativa, tão magnífica, não poderia estar ausente a mulher na política brasileira, a eminente Secretária da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Verª Gládis Mantelli. Senhores Vereadores, que integram as Bancadas do PDT, do PMDB, do PT, do PDS, do PSB, do PCB, do PC do B, do PFL e do PL, a nossa profunda e significativa homenagem nesta representatividade da nossa Câmara. É muito difícil coordenar aquilo que vem na mente num momento como estes, ou seja, equacionar uma temática adequada a um espaço, que deve ser breve e que sintetize tudo. Os meus mestres me legaram oportunidades como esta, quando eu aprendi, nos discursos ao Prof. Sebastião Gomes de Campos, conceitos eminentíssimos de cultura, sabedoria, dentro daquele princípio da ética do nosso Instituto Porto Alegre. Mas o aluno, por mais que assimile, nunca chega a um assimilar linear, total. Portanto, eu vou procurar ser sintético, mas não posso ser omisso. Meus caros colegas da nossa querida Rádio da Universidade, colegas da Fundação, eu olhando, neste momento, ali está o sorriso do nosso querido Lauro Hagemann, dos idos de 1957, Renato Rocha, meu companheiro do quadro de locutores, Carlos Alberto Carvalho, outro integrante da nossa equipe. Hoje, aí está a nossa equipe da Rádio Universidade: Dalazen, Stoch, Nei. Mas à frente, vejo figuras da nossa Técnica, Nei Pires Vieira, Manoel Almeida e fico com medo e omitir figuras tão significativas, minha querida Marília, integrante daquele quadro maravilhoso, que é um dos orgulhos do rádio do Brasil, a nossa discoteca da Rádio da Universidade, sem medo de errar, uma das mais completas da América, o nosso acervo discófilo causa um impacto até de inveja de veículos que não os do Rio Grande do Sul. Neste momento, os papéis me caem da mão, mas justamente ao me cair, tenho que fazer um agradecimento e um laudo que é profilático, recebo, neste momento, a figura médica de Valter Koff. Semana passado, ele dizia, “Vergara, tens que te operar, tens que te submeter à intervenção cirúrgica, porque a vida não é sofrimento”; eu, ainda dizia, “mas Koff, tenho um compromisso cívico, terça-feira”, e acelerava ele, “quanto à profilaxia é comigo”, então, meu carro Koff, o meu agradecimento. Aqui estou, tirando aquelas pedrinhas que são agruras na minha existência, feliz, sorridente, altaneiro e confiante num médico como tu, que sei ser uma acertiva para a medicina brasileira. Urologicamente, gratíssimos pela sua intervenção.

Meus amigos, recordar pessoas que me influenciaram, que me deram paradigma, meu caro Romano, a Difusora foi tão gostosa contigo, quando lá estive, mas, nesta colcha de retalhos que tenho que fazer, tenho um temor muito grande, o de ser omisso, portanto, vou começar falando do meu pai e da minha mãe, do qual herdei a grande herança, de procurar ser honesto, e identificado com o campo do existencialismo, daquilo que é não oprimir, não abusar e não ser opressor, do meu pai, e da minha mãe, gaúchos autênticos de Jaguarão. Andando por aí, no campo dessas pessoas que são seguidoras daquilo que penso da vida, uma homenagem ao meu irmão que eu tenho na sua memória, Clóvis Vergara Marques, por 22 anos, Diretor da nossa Escola Técnica de Comércio, com a garra, com a bravura acima de qualquer conjectura que se pudesse ter, porque o meu Clóvis lutou sempre pela sua escola. Então, meu caro Rosito, hoje, tu és o Diretor daquela escola e eu sei que tu comungas comigo desta homenagem, a grande figura de um irmão como eu tive. Aliás, no dia do seu sepultamento me brotou do estado da alma uma citação que eu acho que identifica tudo: Feliz de quem teve um irmão como eu tive. Acho que disse tudo.

Prosseguindo eu vou a Jaguarão e lá encontro a figura da minha formação de meninice, de um tio, político eminente, médico, sábio da terra, Dr. Alcides Marques. Sei que presentes aqui, Kaufmann e o Francisco Portugal conheceram e souberam da identidades deste homem que como Prefeito da minha terra foi um sinônimo de humanidade, de humanismo a toda prova.

Pois bem, seguindo nestes traços de homens que formaram a minha condição, eu encontro um Pedro Vergara, uma das culturas brilhantes do Rio Grande do Sul, um lírico, um poeta da palavra. Mais adiante encontrei, também, neste círculo de tios, de parentes, de amigos, a figura de Adel Carvalho, um dos maiores cronistas que eu conheci, escrevendo com uma facilidade invulgar. Lembro por muitos anos desta insigne Câmara de Vereadores, como um Vereador de grande mérito, pois aquele homem me impressionava quando ele escrevia as suas crônicas com uma neta em cada braço, quando não no colo, com duas meninas e parece que elas eram as inspiradoras das suas palavras escritas. Uma mente magnífica, no que diz respeito a um autodidata, um homem que não tinha completo o curso primário, mas foi sempre um pena brilhante dentro da imprensa do Rio Grande do Sul, tanto no “Correio do Povo” como no “Jornal do Comércio”. Depois encontrei Odilo Martins de Araújo, uma das maiores bondades que conheci; homem que militava como Delegado Fiscal do Tesouro Nacional e depois como Deputado Estadual. Encontrava como fundamente de orientação para o amanhã, a figura de Luis Vergara, um dos grandes estrategistas políticos do Brasil e sem entrar no mérito do questionamento e da ideologia, ele foi realmente, no Governo Vargas, o grande pensador, o grande e denodado homem que esteve sempre ao lado de Getúlio Vargas. E note-se como adendo, dentro da própria história do Rio Grande que Getúlio Vargas, enquanto assessorado como Chefe da Casa Civil, por Luis Vergara, teve uma proposição política e no segundo governo, sem contar já esse homem, pois já estava em debacle de saúde, as condições do próprio discurso de Getúlio Vargas foram diferentes. Desde o “trabalhadores do Brasil” até a temática dos seus discursos. Foi sempre um homem de estratégia política e essa estratégia é válida dentro das várias conotações políticas e das ideologias políticas. Por fim, tive, meu caro Ver. Brochado da Rocha, esta figura que me lembra o Professor Geraldo Brochado da Rocha, uma amizade profunda de família, da qual devo dizer hoje, Clóvis Vergara Marques, meu irmão, e Geraldo Brochado da Rocha foram sócios. Devo dizer que encontrei no grande advogado, no advogado emérito, Osvaldo Vergara, o próprio introdutor da minha pessoa no turfe, e é uma declaração que eu faço perante meus primos que estão aqui, filhos de Osvaldo Vergara, esse homem que tem uma pujança na sua vida, na sua trajetória, de um busto na nossa Praça, de advogado emérito e realmente, uma figura diferente, introvertida, às vezes, mas arrebatado na essência. E sabem os primos, que fui o sobrinho preferido. Por quê? Porque eu “contrapartia” sempre, eu discutia com um homem de 70 anos, eu com meus 17, 18 anos e ele me aceitava assim porque achava “ele argumenta e não aceita o que não o está convencendo”. Esse homem me convenceu de que eu deveria ir ao turfe. E, assim, numa tarde de domingo, me levou para o Jockey Club. Eu, sublimado com o repipocar das patas e do galope dos cavalos, me sublimei pelo turfe e ele teve, daí por diante, o grande companheiro dele no Jockey Club do Rio Grande do Sul, do qual foi Presidente e, depois, recebeu o título de sócio benemérito. Então, eu confesso a vocês que a figura de Osvaldo Vergara tem uma conotação e uma marcação na formação dos meus gostos, dos meus desejos e daquilo que nós brincávamos e vocês, os meus primos sabem: “Não sei qual deles é o mais guri”. Ele, com seus 70 anos. Figuras fundamentais, figuras marcantes da nossa vida.

Por tudo isso nós temos uma gama de amizades tão grande que eu acho que sou um sujeito realizado totalmente, porque tenho tantos amigos, tanta coisa boa passou pela minha existência! Lá está um turfista, que estou vendo daqui, Pedro Manfrão, que sempre me disse: “Vergara, quando você narra, eu me emociono.” E eu faço aquela narração realmente dando tudo de mim. O Coffi, numa das vezes que foi-me visitar no Cristal, viu o “mise-en-scêne” que eu faço, porque eu acompanho, com a respiração, aquela motivação que a corrida me causa. Para mim, cada páreo, cada condição, cada disputa é como se eu me renovasse em espírito e em matéria. Por isso, eu me penitencio perante os meus familiares, que há muitos e muitos anos não me têm aos sábados, domingos, feriados e noturnas do Cristal.

Mas, meu caro Fernando Schneider, eu me identifico muito com aquilo que é o passado do turfe. Ali está o Ver. Jaques Machado, que traz a continuidade do turfe. José Herculano Machado, benemérito do nosso Jockey Club, tem a sua história marcada. E a consangüinidade no turfe é um fato verdadeiramente marcante. Então, Jaques Machado, tu és a continuidade do vovô Herculano.

Meu caro Mário Câmara prazer em te ver aqui; Heitor Santa Lúcia; lá está o Antônio Basílio meu assessor na programação no nosso “Turfe e Boa Música”; essas belezas de figuras humanas e colegas que eu tenho aqui. Me volto ao Prof. Walter Otto Cybis nosso Pró-Reitor de Graduação da Universidade e um dos eleitos dentro da lista sêxtupla ao reitorado da Universidade, ele que fez parte de uma organização programática da Rádio da Universidade através de seis programas quando auscultamos todos aqueles que nós consideramos vencedores porque formadores desta lista sêxtupla.

Me volto às Emissoras que o nosso “Turfe e Boa Música” teve: iniciei na Rádio Gaúcha, como locutor esportivo, narrador de futebol. Mas quis o destino e quis o chamamento do nosso querido Osvaldo Vergara que eu fosse para o Turfe. Acho que foi uma manifestação benfazeja porque eu consegui imprimir um ritmo que me parece o ritmo do próprio coração que acelera. Com Osvaldo Vergara, um grande gramático, padrão do nosso vernáculo, nós tínhamos discussões que se estabeleciam ao longo das nossas conversas quando eu procurava pautar as nossas transmissões com temas e termos que eu procurava adequar. Recordo que tivemos um grande pega gramatical do vernáculo quando eu comecei a usar nas minhas transmissões a bandeira vermelha paneja no topo do mastro. Osvaldo Vergara dizia: está errado, tens que usar “drapejar”. Então aí eu fui pesquisar, porque o eminente Professor Osvaldo Vergara não poderia ser contrariado, contrastado a não ser documentalmente. Imaginem que eu fui pesquisar e encontrei Alexandre Herculano em uma das suas brilhantes passagens, as suas crônicas, usando “as bandeiras panejam aos ventos dos mais audaciosos vindos da ocidental plaga luzitana”, tinha até algo de Camoniano. Bem, consegui convencer o meu querido e saudosíssimo Osvaldo Vergara, e até hoje a bandeira paneja no topo do mastro.

Passando pela Itaí, onde realmente lá brotou, surgiu, este programa porque nós pensávamos o seguinte: era preciso uma especialização. Turfista sabe. É a maior frustração um páreo não sair e é a maior agressão para aquele que está ouvindo um futebol interromper a nossa partida com qualquer outra informação. Então, usamos esta temática filosófica dentro do rádio para citar este programa especializado em turfe. E a memória não pode falhar no que tange a nomes e eu encontrei em Harry Herbert Klein e em Breno Futuro os grandes companheiros de um ida da Gaúcha para a Itaí para implantação desta nossa programação.

Passamos depois pela Princesa, queridíssima emissora, pela Difusora; o Romano foi quem me levou para a Difusora, me convenceu, o Carlos Alberto antes já tentara. Hoje estou fazendo confissões, o Carlos Alberto estabeleceu reuniões com diretores da Difusora, com churrasco e que praticamente davam como acertada a nossa ida, naquela época, da Itaí para a Difusora. Mas a coisa protelou, protelou e foi com o Romano que fomos para a Difusora e lá ficamos oito anos maravilhosamente bem, principalmente quando lá estávamos.

Depois a Pampa, uma emissora dotada de um sistema de jornalismo, hoje já não tão potente como naquela época em que teve realmente ótimos nomes, mas lá ficamos satisfeitíssimos, trabalhando com afinco, com denodo e sempre com garra. Depois passamos para a Capital, uma belíssima emissora, lutando com problemas de ordem técnica, mas falando em ordem técnica: quais as emissoras que hoje não lutam? Eu vou contar um fato da nossa Rádio Universidade para que os nossos políticos, os Srs. Vereadores, sintam as dificuldades das verbas públicas. Bem, e depois, aqui está o meu Antonio Carlos Contursi e com Noé Machado que me levaram para a sua Sucesso, e que eu espero encerrar esta trajetória no campo radiofônico turfístico com o sucesso que a emissora de vocês merece. Associado a tudo isso este é um campo histórico do rádio de forma sucinta.

Já me referi ao Professor Geraldo Brochado da Rocha. Recebi dele uma carta que é um verdadeiro testamento radiofônico do dia da nossa posse como diretor do Centro de Teledifusão Educativa. Leve a ele esta citação feita justamente pela objetividade e pelo amplexo que ele nos trouxe de empolgar através das suas palavras fáceis, como, aliás, os Brochados da Rocha sempre têm.

Relembrar Martim Aranha estava na agenda, porque realmente representa o grande precursor dos narradores do turfe, do qual Osvaldo Vergara tinha uma ascendência muito grande junto com ele, tenho a impressão que desde a titulação do Martim Aranha, quando tirou bacharelado e foi prestar juramento na Ordem dos Advogados e ali passava por um crivo do nosso querido Osvaldo Vergara que era um verdadeiro relicário, num sacramento daquilo que deveria ser a profissão do Bacharel em Direito.

Colegas e Equipes que me possibilitaram ao longo desses anos, sou profundamente grato, não esqueço nenhum deles. E fico satisfeito quando novas emissoras procuram pautar esta mesma programação, fundamentar não numa escola, mas um principado que se estabeleceu há mais de três décadas. A eles a minha homenagem e os meus votos de sucesso perene nas realizações. Nós costumamos dizer que o sol nasceu para todos.

A Diretoria do Jockey Club do Rio Grande do Sul. Já me referi a Fernando Jorge Schneider, e tenho que me referir por um dever de mérito e de ofício, a Paulo Cesar Sampaio de Oliveira, que quando, há poucos dias, nos homenageava com uma placa no Jockey Club, na nossa cabine, que é a nossa casa de ofício, de trabalho durante todos esses anos, com o nosso nome. Eu fiquei muito enlevado, e confesso aos Senhores, estava pronto a parar nos trinta anos. Mas, me senti que, se parasse, como acovardado e traidor. Então, resolvi continuar. E disse ao Paulo Cesar Sampaio de Oliveira e a toda a sua Diretoria, com a presença, também, do Fernando Jorge Schneider, neste dia que me motivou tanto, que parece que naquele momento eu estava transmitindo com o mesmo fulgor do garoto dos 18 anos, que iniciava como radialista.

Continuando nessas divagações, a nossa rádio da Universidade, com os colegas aqui presentes, nós devemos tecer neste momento, uma homenagem ao Professor Antonio Alberto Goetze, o grande obreiro desta pioneira das Emissoras Universitárias do País, que o tempo e o destino da cultura vão perpetuar no Brasil inteiro e fora do Brasil. E um louvor à memória de uma homenagem ao Prof. Eliseu Paglioli, que acreditou na nossa Universidade, que acreditou na nossa Rádio da Universidade, quando todos nós jovens, Lauro, Renato, Carlos Alberto, iniciávamos naquele 18 de novembro de 1957, o grande prefixo da cultura e da educação no Rio Grande do Sul. Ela foi a pioneira, hoje é paradigma e não só pioneira e paradigma, mas emissora padrão no sistema educativo e cultural do Brasil.

Saúdo os meus colegas, aqueles que diretamente nos assessoram, como chefes dos setores da nossa Universidade, dizendo a eles do grande compromisso que nós temos em encerrar a nossa gestão possibilitando que o futuro da Rádio tenha uma continuidade.

Meu caro Flávio Coulon recorda que quando do aniversário do 30 anos, nós trouxemos aqui aquela mensagem que recebíamos do reitorado da Universidade, após um espetáculo de arte e cultura, com a presença do maior soprano do Brasil; quando trazíamos Maria Lúcia Godoy, para, no Theatro São Pedro esculpir aquilo que representavam os 30 anos.

Está compromissado, meu Caro Pró-Reitor Walter, a Universidade, através dos seis integrantes da lista sêxtupla, nos programas em que elaboramos, Cadernos do Mundo, em que o compromisso assumido, o próximo Reitorado honrará. Ou seja, a implantação de um novo transmissor com uma tecnologia adequada e muito mais barata do que essa que nós temos atualmente.

Meu Caro Antônio Dallazem, quanta dor de cabeça tem nos dado o orçamento, e que o Sérgio Stoch cobra e, eu acho que está certo que se cobre aquilo que não pode ficar no esquecimento. Ou seja, a nossa emissora transmitir dentro de um sistema irradiante, na nossa onda média 1080kHz, meu caro Lauro Hagemann, mas com um som estereofônico, justamente para apurar a qualidade do nosso som.

Colegas do Planetário da Universidade, que faz parte do Centro de Teledifusão Educativa, que no dia 11 de novembro de 1972 foi fundado e no dia 11 de novembro de 1987, completou o seu 15º ano de atividade. Temos dificuldades no Planetário, porque, sendo uma aparelhagem importada da Alemanha Oriental, as dificuldades são muito grandes para a reposição material. Mas nós temos dois brilhantes funcionários do setor técnico da Universidade: Ingo Hinchel e Ari Nienow que, graças à participação e ao estudo que os dois didaticamente fizeram, nós ainda estamos mantendo o nosso Planetário em atividade, em que pese a dificuldade de importação destas peças. As verbas foram votadas, mas a CACEX não liberou. E os senhores sabem que, se há repositório de cultura, é o nosso Planetário. Há uma conjugação, no nosso Planetário, de Astronomia, de Física, Geografia e Literatura. É uma das Casas que o próprio Município tem um compromisso para com a comunidade através do Convênio da sua Fundação. Então, é um apelo que eu faço, também, aos brilhantes Vereadores que integram a nossa Câmara Maior.

Se os senhores querem saber as duas maiores aspirações profissionais nossas, no momento, é aparelhar adequadamente a nossa Rádio da Universidade, porque, no plano financeiro, eu vou estarrecê-los, neste momento. Como é difícil manter uma emissora estatal. No mês de dezembro, uma das válvulas da nossa Emissora queimou, precisávamos repô-la. Custou, naquela época, naquele dia que foi a instalação, Cz$ 372.000,00. Pois bem, no mês de março, início de março, procuramos esta empresa que fez alguns transmissores no Brasil, mas os deixou no anonimato, porque deixou de praticar a tecnologia da implantação de novos transmissores. E, hoje, vive apenas da reposição de peças. Então, nos foi solicitado, à Universidade, vejam bem, dois meses depois, um “bi”, quinhentos e oitenta mil cruzados. Por isso é que nós dissemos: a nossa tecnologia está ultrapassada, é impraticável mantê-la dentro dessas circunstâncias, quando nós poderemos adequá-la, hoje, a uma tecnologia muito mais barata e muito mais nobre naquilo que ela deve atingir.

Já falei da minha introdução na vida educacional, ao meu Instituto Porto Alegre, ao meu Ipinha e ao meu IPA, tão imorredouros, na memória e na cultura do Rio Grande do Sul e do Brasil. Quantos ipaenses andam por aí, semeando cultura, semeando política num campo muito vasto, como é o caso do nosso eminente Vereador, Presidente desta Casa, Brochado da Rocha. Parece que esgotam-se os meus papéis, o meu rabiscado papelório, que eu trouxe para dizer aos senhores algo sobre o sentimento, a alma, a amizade e o caminho de todos nós no campo radiofônico, de um lado, onde nós temos um esporte nobre, enaltecedor, semeados de amizades e, por outro lado, a cultura, a educação da nossa grande emissora que é uma paixão de cada um de nós integrantes do seu prefixo. Devo dizer que é muito orgulhoso dar aquele prefixo da nossa emissora, num tom linear, mas numa elocução enfática, como é a nossa ZYK 280, onda média 1080 quilowatts, a pioneira das emissoras universitárias do Brasil. Quantos profissionais gostariam de estar neste prefixo! Portanto, nos meus colegas de hoje, redobra-se este sentimento de responsabilidade de cada um de nós. Meu caro Pró-Reitor Walter Otto Cybis, que testemunha, hoje, aqui, nesta declaração nossa, na qual todos os integrantes da nossa lista sêxtupla a Reitor da Universidade, estão comprometidos com a cultura e com a educação.

E, finalmente, eu que não gosto de escrever, gosto de falar divagando, deixando que o coração, a razão e a mente procurem trazer aqueles traços marcantes da nossa própria existência, como vou abordar o campo sócio-político, escrevi e abro uma exceção face à homenagem que, para mim, é sumamente significativa, mas de muita responsabilidade.

Reservei, contrariando, a maneira rotineira de me expressar de improviso, face a contingência e a responsabilidade do título que me é outorgado, um capítulo especial no qual aproveito para abordar a nossa concepção política e social da representatividade e responsabilidade que tal investidura nos impõe.

Muitos aqui vieram e receberam o título de “Cidadão Emérito”. Tenho convicção que os homenageados, portadores destes títulos jamais poderão ser omissos diante do compromisso social imposto e assumido. Cada um que aqui passa precisa saber exatamente a dimensão da sua atividade, contribuindo com toda a cidadania para que esta Cidade jamais perca a sua identidade e sua memória histórica.

Homenageados na verdade são os Srs. Vereadores que, através do voto, receberam a suprema titularidade. Cada Município, no seu íntimo, está convencido de que a história corre às soltas pela rua e que após as eleições o político precisa permanentemente resgatá-la.

Os Municípios, dentro da nossa concepção administrativa, caracterizam a base de um sistema democrático autêntico e forte.

Uma cidade sem memória, anula a capacidade de o indivíduo tornar-se um cidadão comprometido com a sua comunidade. Portanto, Srs. Vereadores, o eleitor necessita sentir-se seguro e orgulhoso da cidade em que vive. Este será sempre o grande desafio para os políticos especialmente os Vereadores: que cada indivíduo possa romper os seus próprios limites e se impor como cidadão, identificado e compromissado com a vida do seu Município.

Jamais existirá um governo central pujante, participativo e depositário da confiança de cada cidadão, que não prestigie um municipalismo forte.

Srs. Vereadores, os senhores na realidade são os autênticos formadores da esperança, consciência e da defesa de cada habitante desta nossa Porto Alegre.

Que o cintilar político de cada um dos senhores seja uma luz permanente na memória histórica de todos nós.

Sr. Presidente, Ver. Brochado da Rocha, e Srs. Vereadores, realmente sou um jaguarense de nascimento, considero-me por tudo que consegui no plano existencial e cívico um jaguarense–porto-alegrense. Muito grato. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JAQUES MACHADO (Questão de Ordem): Antes que V.Exa. encerre esta Sessão Solene que concede o título de cidadão de Porto Alegre ao nosso companheiro Vergara Marques, eu quero deixar registrado aqui nos Anais da Casa, os telefonemas que eu recebi antes do início da Sessão: do Presidente da Associação dos Profissionais do Turfe e das famílias Coimbra; das famílias Andreatta e das famílias de Lauro Lino, trazendo a Vergara Marques o seu abraço, o seu carinho e os seus agradecimentos também por aquilo que Vergara Marques fez em nome destas famílias e almejando a ele felicitações e que prossiga por este caminho de conquistar amigos e cada vez mais labutando pela Cidade de Porto Alegre. Sou grato.

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Ouvidas as Bancadas da Casa, ouvido o homenageado, fica com o Presidente da Casa a tarefa de, em nome dos Vereadores que compõem a Casa, agradecer a presença de todos os senhores e senhoras aqui, autoridades que compareceram a este ato, certo que ele além de outorgar um título, outorga uma possibilidade a mais à Cidade e traz para todos nós, que participamos deste ato, não só um momento de reflexão, mas também momento de fraternidade, que certamente servirá para reassumirmos compromissos de um lado e nos queremos bem de outro. Sou grato. (Palmas.)

Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se os trabalhos às 18h51min.)

 

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